Thermography and Sport Injuries
Version in American English 🇺🇸 | Versão em Português do Brasil 🇧🇷
🇧🇷 Calor que revela: como a termografia infravermelha entrou no esporte para prevenir lesões
A termografia por infravermelho, antes vista principalmente em aplicações industriais e de engenharia, ganhou espaço definitivo na medicina esportiva na última década. Em clubes de futebol de alto rendimento - no Brasil, na Europa e em outras grandes ligas - ela passou a integrar rotinas de avaliação diária dos atletas, especialmente em períodos de cargas intensas de treino e sequência de jogos.
A lógica por trás da tecnologia é simples, embora os equipamentos sejam sofisticados: toda região do corpo emite calor. Quando há irritação, sobrecarga muscular, inflamação inicial ou alteração no fluxo sanguíneo, essa região tende a apresentar um padrão térmico diferente do lado oposto ou do restante do corpo. A câmera termográfica registra essas diferenças por meio de imagens em cores, que traduzem variações de temperatura da superfície da pele - sem toque e sem radiação ionizante.
No futebol profissional, esse tipo de análise é usado como ferramenta preventiva. Ao identificar assimetrias térmicas que surgem antes de qualquer dor perceptível, a equipe médica pode ajustar a carga de treino, intensificar processos de recuperação, direcionar fisioterapia ou simplesmente monitorar o atleta por mais alguns dias. Em várias equipes, a termografia é realizada logo na chegada dos jogadores ao centro de treinamento, fazendo parte das chamadas “rotinas de triagem”, ao lado de questionários de bem-estar, avaliação de sono e simples testes físicos matinais. A ideia não é diagnosticar lesões, mas identificar sinais precoces que indiquem que algo pode evoluir para um problema.
Para o público geral - corredores, praticantes de academia, pessoas em reabilitação ou trabalhadores que enfrentam movimentos repetitivos - a utilidade segue a mesma lógica preventiva. A termografia pode ajudar a identificar regiões que estão sofrendo mais carga do que deveriam, padrões de assimetria após treino intenso, respostas inadequadas de recuperação ou áreas que merecem atenção antes que a dor apareça. Por ser um exame rápido, não invasivo e sem contraindicações relevantes, muitos profissionais de fisioterapia, medicina esportiva e medicina do trabalho passaram a utilizá-lo como complemento ao exame clínico, e não como substituto.
O funcionamento básico também é acessível ao público leigo: a câmera detecta a radiação infravermelha natural emitida pelo corpo e transforma esses sinais térmicos em imagem. O que se observa não é o “interior” do músculo, mas as variações de temperatura na superfície, que refletem processos fisiológicos abaixo da pele, como maior vascularização, tensão muscular ou resposta inflamatória. Por isso, a interpretação deve ser feita por profissionais que conhecem tanto a técnica quanto o contexto do indivíduo - esporte, histórico clínico, tipo de treino, condições ambientais e outros fatores que podem influenciar o padrão térmico.
A termografia não substitui exames de imagem tradicionais - como ressonância ou ultrassom - e tampouco diagnostica lesões por si só. Seu valor está justamente na capacidade de mostrar mudanças sutis e precoces, permitindo intervenções simples antes que problemas maiores se instalem. No esporte de alto rendimento, isso pode significar diminuir a incidência de lesões musculares ao longo da temporada. Para a população em geral, pode ser a diferença entre identificar um padrão de sobrecarga e evitar semanas afastado por dor ou contusão.
Com a popularização de tecnologias de monitoramento, a termografia se consolida como mais uma peça em um puzzle que combina ciência, prevenção e desempenho - dentro e fora dos grandes estádios.
🇺🇸 Heat That Speaks: how infrared thermography became a quiet ally in sports injury prevention
Infrared thermography, once associated mostly with industrial inspection and engineering, has earned a stable place in sports medicine over the past decade. In professional football clubs across Europe, South America and other major leagues, the technology is now part of daily athlete monitoring, especially during periods of intense training or congested match schedules.
The principle behind the method is straightforward: every area of the body emits heat. When there is irritation, early inflammation, muscular overload or altered blood flow, that region may show a different thermal pattern compared with its opposite side or with the rest of the body. Thermal cameras capture these variations in skin surface temperature - without physical contact and without ionizing radiation - translating subtle physiological changes into visual maps of heat.
In elite football, the goal is prevention. By detecting thermal asymmetries that appear before any noticeable pain, medical teams can adjust training load, increase recovery strategies, direct physiotherapy, or simply keep an eye on the athlete for a few days. Many teams include thermography in their morning screening routine, alongside wellness questionnaires, sleep assessments and light physical checks. The objective is not to diagnose injuries, but to identify early signs that something may be heading in that direction.
For everyday individuals - runners, gym-goers, people undergoing rehabilitation or workers exposed to repetitive strain - the value is similar. Thermography can reveal areas under excessive load, asymmetries after heavy training, delayed recovery patterns or regions that deserve attention before symptoms emerge. Because the exam is quick, non-invasive and free of significant contraindications, physiotherapists, sports physicians and occupational health professionals increasingly use it as a complementary tool alongside clinical evaluation.
The technology itself is accessible to explain: the camera detects natural infrared radiation emitted by the body and converts it into an image. What we see is not the inside of the muscle, but changes in skin temperature that reflect underlying physiological processes such as increased blood flow, muscular tension or early inflammatory response. This is why interpretation must be done by professionals familiar with both the technique and the individual’s context - including training load, clinical history, environmental conditions and recovery status.
Thermography does not replace traditional imaging - such as ultrasound or MRI - and it does not diagnose injuries on its own. Its strength lies in revealing early, subtle changes, prompting simple interventions before bigger issues develop. In elite sport, this can help reduce the incidence of muscle injuries across a season. For the general population, it can mean recognizing overload patterns early enough to avoid prolonged discomfort or time away from training.
As monitoring technologies become more widespread, thermography continues to establish itself as a useful intersection of science, prevention and performance - both inside the stadium and far beyond it.
Ioannou, S. Functional Infrared Thermal Imaging: A Contemporary Tool in Soft Tissue Screening. Sci Rep 10, 9303 (2020). https://doi.org/10.1038/s41598-020-66397-9